Associação cobra tempo de adaptação e disponibilização de equipamentos de teste
25/06/2025A Eletros, associação que representa a indústria eletroeletrônica de varejo no Brasil, manifestou preocupação com eventual cronograma apertado de implantação da TV 3.0 no país. Segundo Jorge Nascimento, presidente da entidade, o setor ainda não recebeu as especificações técnicas necessárias para iniciar o desenvolvimento de televisores e conversores compatíveis com o novo padrão de radiodifusão. O governo promete para este ano a edição do decreto que vai determinar a adoção da nova tecnologia.
“Junho está acabando e ninguém sentou com a indústria para dizer o que tem que ser feito. A gente quer a TV 3.0, mas com cautela. Me dá prazo para equipar o país”, afirmou Nascimento. A declaração foi feita ao Tele.Síntese nesta segunda-feira, 23, durante a Eletrolar Show, evento que acontece em São Paulo.
Atualmente, a indústria ainda aguarda a definição das especificações e a disponibilização de equipamentos de teste. “Você não tem switch de teste para campo, nem norma publicada. Não dá pra idealizar um modelo sem isso”, complementou ele. Além disso, há componentes fundamentais, como o sintonizador MIMO, que ainda não estão disponíveis no mercado, e seriam desenvolvidos para o novo padrão brasileiro de TV.
Adoção sem planejamento pode encarecer TVs de entrada
De acordo com a Eletros, uma introdução apressada do novo padrão pode provocar aumento nos preços dos televisores, especialmente dos modelos de entrada. Hoje, 51% das vendas de TVs no Brasil correspondem a modelos básicos, mais sensíveis a variações de custo.
“Se for exigido um novo chip, memória maior, modem com especificação mínima e outros upgrades, o preço vai subir. A cadeia de suprimento precisa ser ajustada com antecedência para evitar impacto no bolso do consumidor”, afirmou o dirigente.
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A entidade também demonstrou preocupação com a possibilidade de o governo exigir a mudança tecnológica sem uma coordenação com a indústria e radiodifusão, como ocorreu em outras transições anteriores. “O Broadcast não gera conteúdo, mas exige que a gente adapte os aparelhos. Isso encarece o produto e o consumidor é quem paga”, disse Nascimento.
Outro risco trazido pela falta de coordenação entre indústria e a implantação do modelo diz respeito à importação. Dependendo do que for exigido, há temor de que a indústria chinesa seja capaz de se adequar e entregar os aparelhos com menor custo que as empresas instaladas no território brasileiro.
A Eletros afirmou estar em diálogo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mas criticou a falta de sintonia com as emissoras de TV, que, segundo a entidade, não compreendem o tempo necessário para adaptação fabril. “Eles acham que nós não queremos a TV 3.0. Mas queremos sim, com planejamento”, concluiu.
Repórter: Tele.Síntese