Especialistas do WorldDAB e de diferentes países europeus apresentaram avanços, números e desafios do rádio digital em padrão DAB+
15/09/2025
Crédito: TudoRádio
O encontro também trouxe dados gerais sobre a força da radiodifusão terrestre na Europa. Conforme apresentado por Bruno Cigrovski (OIV/Croácia), cerca de 80% da população europeia é alcançada semanalmente pelo rádio e TV terrestre. A TV digital terrestre (DTT) está presente em mais de 100 milhões de lares (42% dos domicílios), enquanto o rádio (FM + DAB) aparece em praticamente todos os lares, com uma média de 4 a 5 receptores por residência. Ainda segundo o executivo, a radiodifusão responde por 60% a 80% de toda a escuta de rádio no continente. Entre os diferenciais do modelo estão o acesso universal (free-to-air), a sustentabilidade (com menor consumo energético em comparação ao streaming), a soberania nacional das redes próprias e a resiliência em emergências.
“O rádio digital precisa estar onde o ouvinte está, e os veículos têm sido fundamentais para essa virada”, destacou Bernie O’Neill, diretora de projeto da WorldDAB, que conduziu a moderação dos painéis.
De acordo com Eduardo Cappia, que acompanhou a programação
de rádio no IBC2025, diferente da Europa, onde há propostas de desligamento do
FM analógico, o Brasil não pretende seguir esse caminho no Brasil. "Nosso
modelo de digitalização será integrado, seja com a TV 3.0, seja com um modelo
full digital ainda em discussão, mas sempre preservando o cenário analógico de
recepção, hoje ampliado de 76 a 168 MHz.", destacou o engenheiro do EMC e
membro da SET.
"Em Genebra, durante reuniões do SG-6, monitoramos 75 conteúdos em DAB/DAB+ e 45 na faixa analógica de 88 a 108 MHz. Mesmo com previsão de desligamento, como na Suíça em 2027, há prazos sendo adiados. No nosso caso, buscamos motivar a discussão sobre a adoção de um padrão digital de operação para o Brasil.", completa Cappia ao tudoradio.com.
Receptor DAB+ em exposição no IBC2025 / crédito: tudoradio.com
O panorama do rádio digital na Europa em destaque no IBC
No Reino Unido, de acordo com Lindsay Cornell e Will Jackson, mais de 50% da escuta de rádio já acontece em plataformas digitais, com o DAB+ liderando. O que fez o sistema ganhar tração no país foi a diversidade de conteúdo: rádios públicas e comerciais lançaram dezenas de canais exclusivos no digital, atraindo novos públicos.
Na Espanha, conforme explicou David Fernández Quijada, o país tem apostado em políticas públicas e regulação. Entre os mecanismos, estão a vinculação da renovação de licenças de FM à presença no DAB+ e incentivos para rádios públicas e privadas aderirem ao sistema. Essa estratégia começa a impulsionar a expansão da cobertura e da audiência.
A Croácia destacou a resiliência da radiodifusão terrestre. Durante os terremotos de 2020, a rede DAB+ permaneceu no ar enquanto as redes móveis ficaram inoperantes. “Esse é o papel estratégico da transmissão terrestre: garantir comunicação em situações críticas”, afirmou Bruno Cigrovski (OIV). Esse fator reforçou a credibilidade do sistema junto ao público e autoridades.
Na França, Raphael Eyraud (TowerCast) apresentou números expressivos: o país já soma 684 transmissores ativos, alcançando 65% da população até o fim de 2024. O diferencial francês tem sido a ampliação da diversidade de formatos, com novas rádios temáticas e campanhas nacionais de marketing para estimular a venda de receptores. A previsão é que 28% da população francesa tenha ao menos um receptor DAB até o fim deste ano.
Já a Holanda destacou o modelo inclusivo para rádios locais. Segundo Jens Timmermans (Broadcast Partners), foram criados 57 allotments, permitindo o licenciamento de mais de mil rádios locais públicas e comerciais. Com custos acessíveis e coordenação entre governo, associações e radiodifusores, o país conseguiu levar o DAB+ também às rádios comunitárias, o que ampliou a adesão da audiência.
Os painéis do IBC 2025 reforçaram que o DAB+ já não é apenas uma tendência, mas uma realidade consolidada em grande parte da Europa. Cada país encontrou caminhos distintos para gerar adesão do público — seja pelo conteúdo exclusivo, políticas públicas, resiliência técnica, marketing ou inclusão de rádios locais. Em comum, está o crescimento sustentado da audiência digital, impulsionado pelo avanço da cobertura e pela presença maciça do DAB+ nos veículos. Como resumiu Bernie O’Neill, “o DAB+ continua crescendo e mostrando sua força como a espinha dorsal do rádio no continente”.
Confira AQUI cobertura do Tudo.Rádio sobre no IBC 2025
Repórter: TudoRádio