Medição híbrida de audiência combinará dados de dispositivos conectados com painel de pessoas, abrindo caminho para segmentação geográfica, interatividade e novos formatos comerciais
08/09/2025A chegada da TV 3.0 deve
transformar a forma como o setor de radiodifusão se relaciona com a
publicidade. Segundo Paula Carvalho, diretora comercial para o sell side da Kantar Ibope Media, a nova geração
tecnológica permitirá entregar campanhas segmentadas, integrar consumo de mídia
com comércio eletrônico e aplicar métricas digitais à transmissão linear.
A audiência será aferida nos
aplicativos da TV 3.0 por sessões de uso. Os dados serão, então, distribuídos
por meio de uma API criptografada às emissoras participantes e a um instituto
independente, chamado de “agente verificador”. Este ainda será definido,
escolhido pelo mercado de radiodifusão e publicitário.
Medição híbrida e granularidade
A Kantar continuará operando
com seu painel de domicílios, que atualmente cobre cerca de 6.300 residências.
Os dados dos medidores domésticos de audiência vão ser cruzados com os dados
obtidos via API. “A gente vai conseguir entender a granularidade da TV 3.0. Com
a entrega de um conteúdo para uma região específica, há oportunidade para uma
publicidade de algum produto local, vendido apenas para aquela região”,
comenta.
Para isso, será preciso converter os dados de dispositivos em comportamento humano. “O que eu vou receber de TV 3.0 são devices conectados, não são pessoas. Eu preciso transformar isso em pessoas. São as pessoas que consomem os produtos, que consomem os conteúdos. E só um painel consegue fazer isso.”
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T-commerce e experiências imersivas
Um dos efeitos esperados da
nova geração televisiva é a integração com o comércio digital. “No t-commerce,
está passando ali uma novela, me interessei pela bolsa que a atriz está
utilizando. Vou ter uma possibilidade técnica de clicar e ir para um marketplace,
por exemplo”, lembra. A tecnologia não é inédita, mas passa a
ser uma possibilidade nativa na TV aberta.
A executiva afirma que a TV
3.0 será capaz de manter o público imerso, mesmo durante interações. Ela
também destaca o impacto no tempo médio de consumo: “Quanto mais esse ambiente
for agradável e tiver mais sentido com o comportamento daquele domicílio,
daquelas pessoas, mais as pessoas tendem a ficar.”
A Kantar estima que a adoção
da TV 3.0 começará com em meados de 2026. “O grande pontapé inicial vai vir na
Copa. Já desejam fazer a transmissão com todas essas possibilidades em algumas
cidades”.
Com a segmentação, Paula
prevê mudanças no mercado publicitário. “A gente vai sair de métricas de
alcance massivo para leituras mais nichadas. Eu vou precisar educar o mercado
para ler isso da forma correta e sem viés.”
Ela avalia que o modelo tradicional de bonificação por volume praticado em agências de publicidade e TVs pode ser impactado. “As formas de relação entre os players, entre as agências, entre os anunciantes, sem dúvida, vão passar por algum tipo de atualização”, conclui.
Repórter: Tele.Síntese