RÁDIO NO MUNDO: Reino Unido atinge 73,3% de escuta digital e emissoras comerciais se destacam

Dados mostram virada no mercado de rádio, com recordes para redes privadas e recuo da BBC

19/05/2025


O mercado britânico de rádio atravessa uma fase de mudanças significativas, marcada por um avanço expressivo do meio digital e pela consolidação do domínio das redes comerciais sobre a BBC. Segundo os dados atualizados do RAJAR (Radio Joint Audience Research) para o primeiro trimestre de 2025, as rádios comerciais passaram a responder por 54,9% do total de horas de escuta no Reino Unido, contra 45,1% do serviço público — reflexo direto da crescente adesão ao consumo via plataformas digitais e do fortalecimento de marcas voltadas a públicos segmentados. Vale lembrar que, nas últimas medições do RAJAR, o destaque foi a inversão na maior fatia de audiência, antes concentrada nas marcas da BBC. No total, mais de 50 milhões de pessoas ouvem rádio semanalmente no Reino Unido.

Os números gerais em detalhes

A análise dos dados do RAJAR para o primeiro trimestre de 2025 revela que, embora o alcance semanal total do rádio no Reino Unido tenha se mantido relativamente estável, com 50,1 milhões de ouvintes (equivalente a 86,9% da população adulta), houve uma leve queda em comparação ao trimestre anterior (50,3 milhões). O tempo médio de escuta por pessoa também apresentou uma pequena redução, passando de 17,9 para 17,8 horas semanais. Apesar dessas variações, o consumo total de rádio permanece robusto, com 1,027 bilhão de horas ouvidas no período. De acordo com o mercado local, esses números refletem uma audiência significativa e consistente.

O relatório também destaca uma mudança contínua nos hábitos de consumo, com o rádio digital consolidando sua posição dominante. A participação do digital no total de horas de escuta aumentou para 73,3%, sendo que o DAB+ responde por 42,1% e o consumo online atingiu um recorde de 28,5%. Dentro desse segmento, o uso de alto-falantes inteligentes cresceu para 17,6% das horas totais de escuta, refletindo a crescente preferência por dispositivos conectados. Em contrapartida, o consumo via AM/FM caiu para 26,7%, evidenciando a tendência de migração dos ouvintes para plataformas digitais mais modernas e acessíveis.

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No universo das rádios comerciais, o rádio online já representa 32,3% do consumo, enquanto os smart speakers respondem por 21,4% das horas de escuta.

Vale lembrar que o Reino Unido conta com um dos processos mais acelerados de digitalização entre os grandes mercados do mundo. A maior fatia de audiência de rádio está justamente concentrada no chamado “digital”, que une tanto o online quanto a transmissão via ondas terrestres em DAB+, onde, conforme já destacado, está o maior consumo de rádio no país.

De acordo com o portal RadioToday.uk, o CEO da Radiocentre, Matt Payton, afirmou: “Esses números mostram como o rádio se manteve relevante ao adotar novas tecnologias e formatos. Isso reforça a capacidade do meio de se conectar com grandes audiências de forma confiável e eficaz.”

Rádios comerciais e segmentadas avançam

Em termos de alcance, a rede Heart se tornou a maior marca de rádio do Reino Unido, superando a tradicional BBC Radio 2. A marca controlada pela Global alcançou 13,4 milhões de ouvintes semanais, contra 13,1 milhões da emissora pública. Além disso, o Heart Breakfast, comandado por Jamie Theakston e Amanda Holden, é agora o maior programa de café da manhã do rádio comercial britânico.

A Global também viu outras de suas marcas registrarem bons resultados: Capital alcançou 9,4 milhões de ouvintes, Classic FM manteve 4,7 milhões e a Radio X atingiu seu recorde histórico com 2,5 milhões de ouvintes semanais. LBC News ultrapassou 1 milhão de ouvintes, com aumento de 87% nas horas de escuta.

A concorrente Bauer Media Audio também avançou, atingindo 23,4 milhões de ouvintes semanais. A rede Greatest Hits Radio alcançou 7,5 milhões, enquanto o Absolute Radio Network somou 5,6 milhões, com destaque para o Absolute Radio Country, que cresceu 71%. Magic Radio também registrou alta, atingindo 3,6 milhões, e Magic at the Musicals chegou a 327 mil ouvintes — um novo recorde. A KISSTORY manteve-se como a rádio digital mais ouvida do Reino Unido.

Entre os formatos que mais cresceram em termos percentuais está o Heart Musicals, que ampliou sua base semanal em 61% e viu as horas de escuta saltarem 318%, passando de 252 mil para mais de 1 milhão. Já a Smooth 70s dobrou suas horas (de 816 mil para 1,67 milhão), e a Boom Radio registrou um aumento de 27% nas horas de escuta, mesmo com leve recuo no alcance — indicando maior fidelização de seu público.

Outros destaques positivos incluem a Capital XTRA, com aumento de 17% nas horas, LBC News London, que subiu 87% nas horas, e a talkSPORT2, que cresceu 25% em alcance semanal. Estações locais da Greatest Hits Radio também se sobressaíram, como a unidade de West of England, que viu sua audiência crescer 58% e suas horas de escuta saltarem 152%.

Em contrapartida, algumas estações enfrentaram retrações expressivas. A BBC Radio 5 Sports Extra perdeu 51% em alcance e 67% em horas, enquanto a Kiss Dance caiu 74% em ouvintes semanais. Estações locais como Capital London, Capital Yorkshire e Virgin Radio também registraram perdas significativas.

Fora da Inglaterra continental, emissoras como a Island FM (Guernsey) e a Channel 103 (Jersey) seguem como líderes em seus respectivos mercados. A Island FM, por exemplo, atingiu 40,2% de participação local, o maior índice entre todas as rádios britânicas, sejam públicas ou comerciais.

Outro destaque foi a performance da GB News Radio, que atingiu sua maior audiência histórica com 559 mil ouvintes semanais e aumento de 35% nas horas de escuta em relação ao ano anterior.

Entre as rádios da BBC, os resultados foram mistos: Radio 3, Radio 4 Extra e BBC 5 live apresentaram crescimento, enquanto Radio 1, Radio 2 e várias estações locais registraram perdas. A BBC London, por exemplo, perdeu 61 mil ouvintes e teve uma queda de 40% nas horas de escuta.

Repórter: TudoRádio

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