ACAERT se manifesta sobre decisão do STF em punir veículos de comunicação

Entidade entende como inconstitucional qualquer forma de censura

30/11/2023


 

Sobre o fato do Supremo Tribunal Federal – STF fixar tese que trata da possibilidade de responsabilização civil de empresas jornalísticas que publicarem entrevistas que imputem de forma falsa crime a terceiros, quando há indícios concretos de que as declarações são mentirosas, a ACAERT manifesta o seguinte:

- Na prática, a decisão deixa margem para dúvidas sobre eventuais julgamentos. Uma delas é a extensão da verificação dos fatos. Bastaria ouvir o ofendido ou será cobrada uma checagem mais minuciosa?

 - Para que haja punição, a pessoa ofendida teria que comprovar na época da publicação/veiculação da entrevista que o veículo de comunicação “já sabia das fortes evidências de que a acusação era falsa ou não adotou os cuidados para divulgar que a acusação do entrevistado era, no mínimo, duvidosa”. O que valeria como prova contra o veículo de comunicação?

 - Qual é o cuidado que o veículo precisa ter, conforme citado pelo Supremo, e como serão tratadas circunstâncias como entrevistas ao vivo. A decisão não traz esclarecimentos.

 - E a cobertura de eleições, por exemplo. Como fazer entrevistas com candidatos, visto a impossibilidade de checagem em tempo real.

 - Para o Supremo, o veículo jornalístico não é responsável pela declaração de entrevistados, a menos que tenha havido uma negligência em relação à apuração dos fatos de conhecimento público. Mas como definir negligência?

 - Veículos de imprensa e jornalistas já são punidos hoje por erros e falhas, inclusive sendo alvo de processos por injúria, calúnia e difamação.

 - Pelo exposto, a ACAERT entende que a decisão do STF é uma grave ameaça à liberdade de expressão e uma forma de impor a autocensura, o que equivale ao *medo de informar*, além de criminalizar o trabalho da imprensa. Impõe também responsabilidade desproporcional aos veículos e jornalistas.

 - Finalmente, a ACAERT entende como inconstitucional qualquer forma de censura.

 Fábio Bigolin
Presidente ACAERT

Repórter: Assessoria de Imprensa/ACAERT

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