História: os Jogos Olímpicos antes das transmissões do rádio e da TV

Demorou décadas para que o público conseguisse acompanhar as Olimpíadas de casa. Esse ano, os jogos podem alcançar a maior audiência global da história.

19/07/2021

Essa semana começa o maior evento esportivo do mundo, as Olimpíadas, durante uma pandemia. Por esse motivo, os Jogos não vão poder contar com a presença de público, e serão as transmissões regadas a muita tecnologia que vão salvar o contato com o esporte de todos os lugares. Mas você já imaginou como era quando não havia rádio, TV e muito menos a internet?


Monumento Olímpico. (Crédito: Unsplash - https://unsplash.com/photos/xNpOmuFIUNY)

Quem não estava em Atenas para ver os primeiros Jogos Olímpicos modernos, em 1896, não conseguiu acompanhá-los em tempo real. A possibilidade veio somente 28 anos depois, quando houve a primeira transmissão de uma Olimpíada pelo rádio, em Paris.  Grande público foi alcançado, entretanto os limites eram as fronteiras do país, já que fora dele não havia um sistema adequado para transmitir.

Nessa época, o rádio já tinha chegado ao Brasil, porém foi só a partir da década de 1930 que começou a acompanhar os Jogos, conta o professor José Carlos Marques, pesquisador em mídia e esporte da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).  


Cerimônia de abertura dos Jogos de 1896. (Crédito: Domínio Público)

Já quem queria não só escutar, também assistir,  teve que esperar até 1936, quando se deu a primeira transmissão televisiva, em Berlim. Só que, para ver as Olimpíadas pela TV, era preciso ir até a Vila Olímpica ou a determinados locais públicos. Já o resto do mundo teve que aguardar até 1960 para poder assistir à transmissão dos Jogos de Roma.  

Até então, quem não tinha TV ou rádio, e quem não podia viajar até a cidade sede dos Jogos Olímpicos, ou seja, a maioria da população do planeta, tinha que se contentar com a cobertura dos jornais e revistas, o que, no Brasil, era pouco abrangente.  

Nas primeiras quatro edições das Olimpíadas, chegavam poucas notícias. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma pesquisa de Fausto Amaro, autor do artigo ‘Jogos Olímpicos na Imprensa Carioca: Primeiros Momentos (1890 a 1910)’, cita o caso do Jornal do Brasil, o então favorito entre os fãs do esporte.  Em toda a década de 1900, foram 46 citações aos ‘jogos olímpicos’ (grafia da época). Onze na década anterior. “A realização das Olimpíadas no eixo Europa-América do Norte juntamente com a ausência de atletas brasileiros, que começaram a participar apenas em 1920, podem justificar a baixa incidência de notícias relacionadas às Olimpíadas no período”, acredita Fausto.  

No blog História(s) do Sport, o pesquisador em História do esporte Fabio de Faria Peres cita a “tímida nota publicada no 'Jornal do Brasil” sobre o início dos Jogos Olímpicos de 1896, que começava assim: “Grécia. Os Jogos Olympicos. Athenas, 6. – Começaram aqui os tradicionais jogos olympicos, que despertam, como de costume, o maior interesse”.  

Peres relata que a nota informava que a família real, acredita-se que da Grécia, estava no local e que era considerável o número de estrangeiros no evento. “Somente depois dos Jogos, cerca de 15 dias após o encerramento, é que o “Jornal do Brasil” e “O Apostolo” publicaram uma matéria (cujo conteúdo era praticamente o mesmo com algumas poucas informações adicionais).  

O esporte ainda não estava consolidado no Brasil. Sobre a cobertura a respeito em 1896, ele argumenta que “aqueles Jogos não gozavam do mesmo prestígio e legitimidade que viriam a ter no decorrer do século 20. Não havia um monopólio sobre o próprio sentido do termo ‘jogos olympicos’. Eram um tipo de competição entre outras tantas. Seus idealizadores tiveram que ‘lutar’ pelo ‘monopólio da imposição da definição legítima’ do termo e dos sentidos associados a ele”.  

Os idealizadores conseguiram. A partir de 2001, mesmo com a negociação retalhada, a Olympic Broadcasting Services (OBS) passou a ser a única produtora de imagens. Ligada ao COI, a empresa tornou-se responsável por toda a cobertura oficial dos eventos, descontando entrevistas em zonas mistas. Portanto, os veículos de comunicação que competem através de bilhões de dólares pelos direitos de transmissão dos Jogos, que chegam a todos os cantos do mundo, simultaneamente. Nesse período, as inovações foram marcadas pela reproduções de imagens (ao vivo) em alta definição, três dimensões e via mobile. Por sinal, a transmissão na internet (celulares, tablets e computadores) passou de 628 milhões de “video streams” em Beijing para 1,5 bilhão em Londres, que recebeu o evento pela terceira vez. 



Equipe trabalhando na transmissão de Jogos de 2014. (Crédito: Getty Images)


Este ano, as Olimpíadas vão acontecer no Japão, que como havia sido mencionado, não haverá espectadores. Porém, como um dos países mais avançados tecnologicamente, esse jogos contarão com muitos avanços. Além da evolução da internet 5G, a transmissão das olimpíadas de Tóquio será com ainda mais definição e menos delay. E não para por aí, as filmagens que serão passadas ao público contam com uma qualidade e avanço de outro nível, com muitas câmeras e drones, robôs, e conjunto olímpico sustentável. Também vão incluir a presença de realidade virtual, reconhecimento facial e rastreamento de atletas. 

Repórter: Aventuras na História

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