Após vazamento de dados, Facebook publica anúncio em jornais para pedir desculpas

Fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, usou mídia essencial para explicar situação

27/03/2018

No último domingo (25), o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, surpreendeu ao publicar um anúncio de página inteira em grandes jornais dos Estados Unidos e do Reino Unido pedindo desculpas por “quebra de confiança” por causa do vazamento de dados de 50 milhões de usuários ocorrido em 2014 pela consultoria Cambridge Analytica. O Facebook atribuiu o vazamento a um aplicativo desenvolvimento por um universitário.

No anúncio, Zuckerberg diz que “temos uma responsabilidade em proteger suas informações. Se não conseguimos, não merecemos”. A Cambridge Analytica conseguiu de forma indevida dados de usuários para construir perfis de eleitores norte-americanos que foram usados posteriormente para eleger o presidente Donald Trump em 2016. O escândalo afetou ainda mais a confiança na empresa e gerou mais uma série de críticas à maior rede social do mundo e colocou o Facebook novamente na berlinda.

Antes do vazamento ganhar as manchetes, a rede social já vinha sofrendo ataques por conta da propagação das chamadas fake news. Há suspeitas de que páginas do site tenha contribuído para a eleição de Trump, a partir de notícias falsas espalhadas a respeito da então candidata democrata, Hillary Clinton. Também a decisão de grandes conglomerados, como a Unilever, e do mega-investidor Elon Musk de abandonar a rede social está fazendo com que as empresas repensem suas estratégias dentro do Facebook. Por conta das frequentes alterações no algoritmo, o alcance do que é publicado nas chamadas fanpages exige cada mais investimentos, o que acaba sendo sempre muito questionado pelas empresas que usam a rede social em suas estratégias de marketing digital.

Decisão de anunciar em jornais chama a atenção - Na esteira do escândalo da Cambridge Analytica, pesquisas nos Estados Unidos divulgadas no último fim de semana mostraram que o público está perdendo a confiança no Facebook em relação à proteção de dados e respeito à privacidade. Por isso, a decisão de Zuckerberg de usar a mídia tradicional para se desculpar chama tanto a atenção.

Afinal, por que a rede social com mais de 2 bilhões de usuários recorreu à mídia impressa e não usou apenas seu gigante canal digital para o pedido de desculpas? Especialmente por conta dos reflexos econômicos que o escândalo acarreta ao Facebook, o anúncio em jornais importantes como os americanos Washington Post, The Wall Street Journal e The New York Times e o britânico The Observer, pode ser uma tentativa de busca por credibilidade e reparo na reputação da empresa perante os usuários, mas principalmente anunciantes, legisladores e investidores. “Ver uma empresa de internet como o Facebook anunciar em jornais após uma grave crise só reforça o quanto os veículos de mídia tradicional ainda são relevantes e possuem credibilidade e confiança do público”, afirma Marcello Côrrea Petrelli, presidente da ACAERT (Associação Catarinense de Empresas de Rádio e Televisão).

Petrelli também destaca a forma de uso da internet, no caso da rede social, ser mais para relacionamento que para informação e isso ter também justificado a decisão de Zuckerberg. “A rede social é vista como um meio e não como um veículo de comunicação. Ou seja, nos relacionamos pelas redes sociais, não nos informamos por meio dela”.

Para Pedro Cherem, presidente do Sinapro-SC (Sindicato das Agências de Propaganda em Santa Catarina), já de há algum tempo notamos que quando existe algum problema na imagem de uma marca, a empresa recorre a veículos tradicionais como jornal, TV e rádio. “É uma prática comum que mostra que as marcas recorrem a veículos de grande credibilidade e que possuem compromisso com a éticas”, conclui.

 

Repórter: Notícias do Dia

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