Entrevista com Mario D'Andrea, presidente do Júri da Categoria Radio

O rádio me parece a mídia que melhor se aproveitou da tecnologia digital

22/05/2017

Esta é a segunda entrevista da Série que o AcontecendoAqui está publicando com os jurados brasileiros no Cannes Lions 2017. É uma iniciativa do portal iniciada há 5 anos, que mostra as expectativas de grandes nomes da propaganda brasileiro sobre o Festival que irão julgar.

Hoje, o entrevistado é Mario D'Andrea, Presidente e o CCO da Dentsu Brasil desde fevereiro de 2014. A agência em clientes como Toyota, Canon, Ajinomoto, Nissin e outros. 

Como redator trabalhou em agências grandes como FCB, Loducca e Lowe. D'Andrea foi presidente da JWT Brasil e colocou a agência entre as agências mais criativas do país. Em 2008, ele também foi membro do Conselho Criativo Global  da JWT. Ele coordenou a comunicação do HSBC na América Latina e grandes cases para a Coca-Cola, Ford, J & J, Kraft, entre outros. 

Em 2010, foi o Profissional Criativo do Ano pelo Prêmio Caboré do Meio & Mensagem e eleito o Profissional de Propaganda da Década pelo Colunistas Brasil.

Foi presidente do júri de importantes festivais de prêmios, como D&AD, Fiap, Wave e outros.
Foi jurado em Cannes em três edições: 2006 (Radio), 2012 (Titanium & Integrated), 2013 (Promo & Activation). Será presidente do júri de Rádio em 2017.

Como diretor criativo, ganhou ouro no New York Festivals, Grand Prix no London Festival e Fiap e 14 leões no Festival de Cannes.

Não sei se sou assim tão reconhecido em Cannes. Acho que às vezes me confundem com outros carecas… Brincadeiras à parte, já estive por lá em 17 edições. Este ano será minha 18a. Vez. Como diretor de criação tive a honra de ganhar 14 leões em diferentes categorias.

Qual é a sensação em presidir uma Categoria importante como a RADIO?

Primeiro, uma surpresa. Depois, uma grande alegria. Agora, chegando próximo ao evento, uma sensação de tensão porque quero que tudo corra muito bem – não apenas para os 15 jurados mas principalmente que consigamos mandar para o mercado a melhor amostra possível de grandes idéias.

Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com jurados de diversos cantos do mundo?

Já fui jurado em 3 edições (2006, 2012 e 2013). Em todas elas a troca de experiências foi incomparável com qualquer outro grande evento. Mas o que fica sempre é a sensação de que os obstáculos e dificuldades são muito parecidos de país para país. O que muda mesmo é a capacidade de vencer cada um desses obstáculos com grandes idéias. Deverá acontecer o mesmo agora em 2017.

De 3 anos para cá, o que você poderia citar como grandes mudanças no Festival e o que será avaliado em RÁDIO?

Sem dúvida o rádio me parece a mídia que melhor se aproveitou da tecnologia digital. O ambiente da web praticamente ressuscitou o Rádio, criando grandes redes, transmissão ao vivo dos programas pela internet, aumentando a participação do ouvinte através das redes sociais e muito mais.
Hoje, o rádio não apenas se ouve – se assiste. Em outras palavras: o radio se tornou ainda mais íntimo do consumidor, fazendo ainda mais parte do seu dia-a-dia. 

Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer em  Cannes neste ano.

Temos dois grandes cases. A primeira é a Exposição Iguais, uma exposição de fotos que celebrou as diferenças entre as pessoas. Foi uma idéia que reuniu num estúdio pessoas completamente diferentes, que não se conheciam e que passaram a interagir através das câmeras Canon – sem a presença de fotógrafo profissional.
O resultado dessa ativação se concretizou em lindas fotos que foram exibidas em São Paulo e Curitiba por 6 semanas. E também através de um site com depoimentos emocionantes dessas 20 pessoas.
A segunda, já na área de mobile e tecnologia, é o Speed-O-Track Arteris, um aplicativo que alerta o motorista quando ele ultrapassa o limite de velocidade de uma estrada ou rua. Esse alerta se dá através de uma ferramenta inesperada: a música. Toda vez que o motorista ultrapassa o limite, a música que está tocando em seu celular acelera, distorcendo o resultado sonoro. O motorista volta abaixo do limite, a música volta ao ritmo normal. Um exemplo claro que com pensamos em tecnologia a serviço de uma idéia.

Como as agências locais podem se inspirar em Cannes e trazer resultados inovadores aos seus clientes?

Cannes é a luz que mostra para onde nossa atividade se encaminha. Comparando: quem trabalha em mercado automobilístico sabe que as feiras de Detroit e Frankfurt, por exemplo, indicam para onde está indo sua indústria, com lançamentos, carros conceitos, etc. Mercado de moda encara da mesmo forma os desfiles de Paris e Milão.
Cannes para nós, de marketing e comunicação, é isso. Um evento que premia o que de melhor foi produzido mas principalmente provoca discussões sobre o que está por vir.
Ness sentido, ir a Cannes é estar em sintonia com o que de mais avançado pode ser feito hoje – e nos próximos anos – para nossos clientes.

O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?

Tudo no festival de Cannes é importante. Mas sem dúvida aprender é o que me faz cruzar o Atlântico, todo ano. Aprender com os cases, com as palestras, com as tendências. Vislumbrar para onde está indo nossa atividade é o mais excitante neste que é o maior evento da comunicação e do marketing mundial.

O que não falta na sua bagagem para Cannes?

Dica de quem já teve a mala perdida 3 vezes nas conexões em Paris: leve sempre uma muda de roupa completa na mala de mão. Sempre. Sair correndo por Cannes pra comprar roupas, além de desagradável, pode sair bem caro.

 

Repórter: Acontecendo Aqui

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