Missão equatoriana vem ao MCTIC conhecer a experiência brasileira com TV digital

Secretária Vanda Nogueira recebeu nesta terça-feira (14) representantes do governo do Equador, que se prepara para desligar o sinal analógico. Segundo ela, Brasil pode contribuir para a digitalização da TV em países da América Latina

15/03/2017

Pioneiro no continente, ao lado de Argentina e México, o Brasil pode ajudar outros países da América Latina no processo de digitalização da TV. Diante disso, a secretária de Radiodifusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Vanda Nogueira, recebeu nesta terça-feira (14) representantes do governo equatoriano, em missão por Brasília até sexta-feira (17), para conhecer os sistemas nacionais de radiodifusão e telecomunicações.

Segundo Vanda, outros países latino-americanos têm se espelhado nas iniciativas brasileiras de desligamento do sinal analógico e distribuição de antenas e conversores digitais à população. "Mesmo que um país absorva a experiência de outro, cada um tem suas características próprias, que devem ser condensadas para serem novamente repassadas", explicou. "O Equador terá situações extremamente específicas, que servirão para outros que vierem depois. Todas as nações da América, à medida que completem sua migração, deveriam condensar as experiências próprias, para ajudar o máximo possível seus vizinhos, porque, por mais que a gente tenha experiência, a localização, a cultura e o modo de viver das pessoas influenciam o processo."

A secretária de Radiodifusão exemplificou as diferenças regionais ao comparar o processo de desligamento do sinal analógico em Brasília, concluído em novembro de 2016, e o de São Paulo, previsto para 29 de março. "Cada cidade é única. Então, tudo tem que ser feito de acordo com suas características, o modo como vive aquela população. E temos que achar onde estão as pessoas que precisam realmente de uma assistência maior para o desligamento", afirmou. "São Paulo é a quinta maior cidade do mundo, com uma diversidade enorme de habitantes, e sua transição está sendo diferente da capital federal."

Brasília, por ser plana, tem uma "topografia social" mais simples, onde se pode localizar a população de baixa renda. "Por incrível que pareça, porém, o processo de desligamento tem sido mais fácil em São Paulo, porque, apesar de absurdamente enorme, a metrópole está digitalizada há 10 anos. Além disso, ao contrário da capital federal, onde a parcela carente vive de forma horizontal, ou seja, cada domicílio precisa de uma antena, na cidade paulista boa parte do público mora em prédios, onde uma antena atende a várias famílias."

Vanda lembrou que o último levantamento, feito em janeiro, apontava que 86% dos domicílios paulistanos estavam aptos a receber o sinal digital. "Começamos nesta semana a pesquisa final, de fechamento, em busca do patamar de 93% dos lares, mas com 90% nós já poderíamos desligar o sinal, por causa da margem de erro. Então, temos que ter certeza absoluta de que a população carente está atendida", disse, em referência à distribuição de 1,8 milhão de kits de antena e conversor digital para beneficiários inscritos no cadastro único de programas sociais do governo federal na região.

Referência

De acordo com o gerente do projeto de implementação da TV digital no Equador, José Octavio Silva Peralta, o país escolheu o Brasil como modelo pela experiência do desligamento do sinal analógico em Brasília e por ter adotado o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T), baseado no padrão japonês ISDB-T, em operação em São Paulo desde 2007.

"A primeira questão é que vocês já viveram a experiência do desligamento analógico aqui em Brasília. Ou seja, há uma realidade quanto ao que fizeram, o que tiveram que fazer, como foi o desligamento e como estão convivendo com isso posteriormente", comentou Silva, assessor do Ministério de Telecomunicações e Sociedade da Informação do Equador. "A segunda é justamente o standard. Nós adaptamos o SBTVD-T, variante brasileira do ISDB-T. Nada melhor do que aprender no país onde nasceu o principal standard da América Latina."

Junto com o diretor da Agência de Regulação e Controle das Telecomunicações (Arcotel, na sigla em espanhol), Edwin Quel, José Octavio Silva tem agendas marcadas com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Seja Digital – entidade criada para operacionalizar o processo de digitalização da TV –, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e organizações não governamentais. A visita técnica passa ainda por Goiânia, na sexta-feira (17), para acompanhar a distribuição e a instalação de antena e conversor digital. A cidade goiana deve ser a próxima capital a ter seu sinal analógico de televisão desligado, em 31 de maio.

Silva informou que o plano equatoriano divide o processo de digitalização em três fases. A primeira delas, prevista para junho de 2018, envolveria Cuenca, Guayaquil e Quito, as três maiores cidades do país, com população superior a 500 mil habitantes. A etapa seguinte chegaria a municípios com 200 mil a 500 mil pessoas, e o último passo abarcaria localidades com menos de 200 mil moradores. As datas dependem das eleições presidenciais, cujo segundo turno está marcado para 2 de abril. O novo governo assume em 24 de maio.

Repórter: MCTIC

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