A TV aberta segue fazendo o que sempre fez: entregando fluxo, hábito, massa e simultaneidade
01/12/2025
Artigo - por Beto Amaral – Vice-presidente de Inovação ACAERT e Vice-presidente Executivo do Grupo SCC
A final da Libertadores 2025 trouxe um recado claro para quem trabalha com mídia: a TV aberta ainda está em outro patamar. E para perceber isso, nem precisa ir direto ao jogo. Basta olhar para algo cotidiano: o Ratinho, todos os dias, no SBT.
Enquanto o streaming da GETV alcançou 4 milhões de usuários simultâneos na transmissão de Flamengo x Palmeiras, um número grande para qualquer plataforma digital, o Programa do Ratinho entrega algo em torno de 4 pontos de audiência, o que equivale a aproximadamente 8 milhões de pessoas. Ou seja, um programa diário, de segunda a sexta, faz o dobro da audiência de uma final gigantesca no streaming.
Esse contraste diz muito sobre o Brasil real.
E aí, quando comparamos diretamente a GETV com a TV aberta, o abismo fica ainda mais evidente. A transmissão do jogo pela Globo marcou 30 pontos, o que representa algo em torno de 60 milhões de pessoas acompanhando a partida. Praticamente 15 vezes mais do que a GE TV no YouTube.
E a Cazé TV, que muitos tratam como o “novo centro esportivo da internet”, nem transmitiu desta vez — o que mostrou também um ponto importante: não existe hábito. O público vai pelo evento, não pelo canal. É audiência episódica, não recorrente.
Enquanto isso, a TV aberta segue fazendo o que sempre fez: entregando fluxo, hábito, massa e simultaneidade. Seja num programa noturno diário como o Ratinho, seja na maior final do continente.
É aí que a narrativa desaba: por mais que se repita que “a TV acabou” e que “todo mundo está no streaming”, a realidade é que o brasileiro continua sendo um povo de televisão aberta. Em audiência, em cultura e em comportamento social.
Quer receber notícias da ACAERT? Assine a newsletter - Assine aqui e receba por e-mail
E não é só sobre a Globo. O SBT, quando entra em grandes transmissões esportivas ou programas de apelo popular, mostra a mesma força histórica do meio: distribuição nacional, alcance instantâneo e uma relação emocional construída ao longo de décadas.
Outro ponto curioso é que a própria Globo entendeu algo que o mercado levou tempo para aceitar: o streaming é complementar. A estratégia de permitir a transmissão via GETV ampliou a presença, sem ameaçar em nada a hegemonia da TV tradicional.
Já no mundo das plataformas, segue o desafio: falta fidelização. Não há consumo recorrente. A audiência vai e volta conforme o tamanho do jogo.
Segue um comparativo:
– GETV na final: 4 milhões simultâneos
– Ratinho diário no SBT: 8 milhões simultâneos
– Globo na final: 60 milhões simultâneos
No fim das contas, a Final da Libertadores 2025 apenas reforçou aquilo que o mercado tenta ignorar, mas não dá mais para esconder:
A TV aberta segue sendo o maior palco do país. E quando tem jogo grande, o Brasil inteiro continua se encontrando nela e não no streaming.
Repórter: Acontecendo Aqui / Beto Amaral – Vice-presidente de Inovação ACAERT e Vice-presidente Executivo do Grupo SCC