Especial – 5G na radiodifusão: desafios e oportunidades

Como a nova tecnologia vai impactar na rotina das emissoras de Rádio e Televisão. A RNA ouviu o MCom, Abert, VP ACAERT e especialistas sobre o assunto

26/04/2021


Imagina uma pessoa baixando um filme em três segundos. Veículos autônomos, cidades inteligentes, telemedicina, ambientes de casa e do trabalho conectados totalmente à internet. Tudo combinado com big data e inteligência artificial. Essa realidade está próxima dos brasileiros com a chegada do 5G, o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga. O edital para o leilão, que definirá a empresa que ficará responsável pela implantação do 5G no país, já está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União – TCU. A intenção do governo federal é promover o leilão em julho deste ano.

 A expectativa do Ministério das Comunicações é que em julho do ano de 2022, a tecnologia já esteja disponível pelo menos nas capitais. O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, explica. “Pela primeira vez na história, vamos fazer um leilão que não é arrecadatório. Ou seja, as faixas das frequências terão preço mínimo fixado. Mas tudo aquilo que superar esse preço mínimo, em termos de lance, será convertido em novos investimentos. Com isso, conseguiremos garantir que todos os recursos privados permaneçam diretamente beneficiando a sociedade brasileira, porque todos esses compromissos que serão fixados a partir dos lances serão socialmente relevantes para cobrir localidades pequenas, cidades menores”.

 Artur Coimbra informa que a previsão do governo federal é de que a cobertura do 5G ultrapasse a do 4G no país em apenas sete anos. “Estimamos que a tecnologia 5G ultrapasse a da 4G, em termos de popularidade e de presença, por volta de 2028. E, a partir dali, o 5G vai ser a tecnologia dominante no Brasil”.

 E para a radiodifusão, quais são os desafios e oportunidades com o 5G?

 O primeiro desafio é técnico. A TV aberta via satélite ocupa o espectro da chamada Banda C, que foi liberada pela Anatel para o 5G. Isso significa que milhões de brasileiros que assistem a tv aberta por antenas parabólicas seriam prejudicados com interferências. A solução encontrada pela Anatel é a migração para outra banda, chamada KU. Como informa o engenheiro Luiz Abrahão, diretor de Tecnologia da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão - ABERT. “Dados da PNAD 2018, do IBGE, apontam que mais de 20 milhões de lares brasileiros têm nas parabólicas a possiblidade de receber a programação gratuita que somente a tv aberta oferece. Recentemente, a Anatel aprovou por unanimidade de seu colegiado a única solução que se demonstrou tecnicamente viável, eficiente e alinhada com o cenário internacional de utilização do espectro. A migração dos sinais de tv para a banda KU, medida defendida pelo setor de radiodifusão, foi a solução capaz de garantir a continuidade segura deste serviço fundamental para a população e a chegada e desenvolvimento do 5G no país”.

Para o diretor-geral da DITEC, empresa do Grupo SCC, Fernando Gomes de Oliveira, o 5G é uma grande oportunidade para todo o processo de produção e distribuição de conteúdo. “Tem o potencial de mudar completamente o fluxo do audiovisual, desde a sua captura, passando pela produção, inclusão de serviços, distribuição, interatividade, consumo e imersão, proporcionando uma experiência completamente diferente ao telespectador. Caberá a nós, profissionais da área, sermos criativos no uso dessa nova possibilidade e fortalecer ainda mais a posição da radiodifusão”.

O vice-presidente de Inovação e Competitividade da ACAERT, Roberto Dimas do Amaral, acredita que a nova tecnologia obrigará, mais uma vez, o rádio e a tv a se reinventarem. “Teremos a possibilidade de transmissão dos sinais da tv e do rádio pelo 5G, que terá mais qualidade. Vai dar para fazer transmissões ao vivo de qualquer lugar numa qualidade superior. Pode-se ter outras possibilidades, como alguma questão de vídeo, de conteúdo, de youtube. A radiodifusão vai ter que se reinventar, como sempre se reinventou”.

O consultor e professor Fernando Morgado vai mais além nas previsões. A nova tecnologia vai aprofundar a chamada internet das coisas, com os aparelhos de casa e do trabalho conectados à internet. “E com mais aparelhos conectados, mais espaços na rotina de audiência podem ser conquistados pelas produtoras de conteúdo, como as emissoras de rádio e de televisão aberta. Enfim, todos aqueles que produzem conteúdo de qualidade e profissional podem conquistar novos espaços na rotina do público porque mais aparelhos estarão conectados”. Morgado completa. “Agora, é fundamental que as emissoras também repensem a forma como produzem, embalam e difundem esses conteúdos. Para que, de fato, consumir tudo isso se torne ainda mais confortável e atraente no momento em que a concorrência cresce de maneira exponencial”.

Para o jornalista Daniel Starck, do portal TudoRádio.com, um dos desafios da radiodifusão é ampliar a relevância nos aplicativos. “As possibilidades são inúmeras para a radiodifusão. Desde o consumo de mídia, na entrega. As emissoras vão ganhar importância nos aplicativos, no streaming, que é a base de tudo, onde se propafa o conteúdo linear. Vai aumentar possivelmente em consumo, que terá que ser fácil, apresentável e em todos os lugares. Muito muda no dia-a-dia da rádio, inclusive para ela gerar esse conteúdo. Poder utilizar mais inteligência artificial e melhorar seus processos”.

Repórter: Assessoria de Imprensa

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