Somente as redes sociais podem salvar a TV aberta

Espectador é o novo diretor dos programas ao vivo

15/04/2015

Muito além de tecnologia e equipamentos de transmissão, de áudio e vídeo a NABSHOW 2015 em Las Vegas é também um grande congresso de comunicação.   O impacto da mídia social na audiência da TV aberta foi discutida em um painel na tarde desta segunda feira (13Abr).

Curling, o fenômeno das redes sociais, segundo Thomas Roberts, âncora da rede de TV americana NBC, o primeiro caso de participação efetiva da audiência na programação de uma emissora aconteceu durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010.  Na época, a Fox Sports (pertencente à rede NBC) analisava heat maps dos posts publicados na rede social Twitter para gerar relatórios de audiência aos patrocinadores.  “A empresa nem sabia que estava antecipando uma tendência.  Eles somente colhiam informações de cada Tweet para gerar um grande relatório após o evento”, comentou o jornalista.  O trabalho era manual, e monitorava uma série de palavras chave pré-estabelecidas pelos diretores de emissora.

Durante os jogos, o Curling, esporte até então sem qualquer importância nos jogos, tornou-se um fenômeno das redes sociais.  Segundo Roberts,  “a partir daí a Fox passou a acompanhar diariamente a mídia social para atender os anseios do público e deixou de adivinhar o que o público queria.  Uma cobertura 100% colaborativa com altos índices de audiência”, disse.

Hoje em dia, qualquer emissora tem um cuidado especial com a mídia social, buscando antes de tudo ter um contato direto com seu espectador.  Segundo David Wertheimer, presidente da área digital da Fox Entertainment, a rede social faz parte da grande lista de canais de comunicação com o público, ao lado de outdoors, vts, anúncios e cartazes.  “Você não pode prever o que a audiência vai achar do seu show.  É preciso um bom planejamento e gente qualificada para gerenciar todas as redes da emissora e do programa.  Uma fórmula certeira é a criação de momentos polêmicos e frases de impacto para que as pessoas possam replicar nas redes para seus amigos, ou até mesmo criar gifs animados.  Este é o segredo que pode salvar um programa”, explicou.

Wertheimer fala de redes sociais com a experiência por trás do seriado Empire, que teve seu primeiro episódio exibido na Fox em janeiro de 2015 e é considerado o programa de TV mais conectado da história.  Segundo ele, “o expectador quer fazer parte do show, quer ver o personagem respondendo diretamente ao fã ao vivo na TV”.

Interessante notar que, apesar das dificuldades da TV aberta em vencer a concorrência da pulverização da Internet, dos dispositivos móveis e dos canais on demand, basta que as emissoras façam exatamente o que rádio já faz há muitos anos para manter seus espectadores fieis, sua audiência e sua receita:  inserir o espectador na programação.

Repórter: Gulherme Dezcka, de Las Vegas-EUA, especial para o AcontecendoAqui

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